A PRISÃO

A PRISÃO

A consciência encontra-se presa.

O corpo vai ao cárcere visitá-la.

Ouve sua lamentação, imputada

Pelos seguintes delitos praticados:

Gula, avareza, luxuria, ira,

Inveja, preguiça e orgulho.

Cujas penas caracterizam

As tentações do ser humano.

A condenada dialoga com seu defensor:

-“Se a gula é delito, como pode o corpo

Sobreviver sem sustentação alimentar?”

Por acaso devesse viver jejuando?

Ouve a resposta que no processo da gula

Não é apenas a comida exagerada

Que a condena, mas sim o egoísmo,

Na compulsão do mais querer.

Diz o MM Juiz, que não se trata só

Da comida e da compulsão,

Como também da bebida

Inebriante que embriaga.

É o desejo, a cobiça prevista

No décimo Mandamento Divino:

“Não cobiçar as coisas alheias”

Este é o crime da gula.

O supérfluo alimentar,

Que atrai o consumível,

Na popular “guloseima”,

Nutre a gula compulsiva.

O habito irracional da vontade,

Que leva o exercício repetitivo,

Cria o vício, produz a gula,

Proporciona a cobiça condenável.

O egoísmo humano que a sustenta,

Derrota a força em favor da vontade,

Incentiva o Ter negando o Ser,

Ludibria o caráter personaliza o eu.

O corpo padece visitando a condenada,

Por ser mero veículo da consciência.

Que a dirige e a governa, respondendo,

Pela desobediência mandamental.

Processada por delito de Avareza,

Ao apego das coisas materiais,

Desejando, os bens e o dinheiro,

Idolatra em detrimento de D’ us.

Dissimula o Primeiro Mandamento:

Amar a D’us sobre todas as coisas.

O ateu por si só é condenado pelo ceticismo

Por negar o amor de D’us.

A crença é uma graça irrecusável.

Assim como o oxigênio é para a vida.

Quem não Crê, não respira, não vive.

O avarento colhe o pó da terra, nega o Espírito.

Quem acumula os haveres terrenos,

Nele se sepulta, volta ao barro da vaidade.

Em contra partida, aos haveres Espirituais,

O eleva a D’us, que o deu o sopro Divino!

Avareza humana acumula o poder,

“Abate os poderosos de seus tronos”,

Recusa os bens aos famintos,

Nega aos ricos a aos humildes.

A luxuria que penaliza a consciência,

Porque vive dos prazeres da carne,

Não consola o corpo que a visita,

Já penalizada pela gula e avareza.

Ao deixar-se dominar pelas paixões,

Ao viver seus instintos sexuais,

Da soberba, do orgulho, da altivez,

Presunçoso retorna à matéria.

É o animal que governa seus instintos,

Contrariando o sexto Mandamento, da castidade,

Punindo a condenada consciência,

Vitimando o corpo que a visita.

Impossível livrar-se a consciência

Do seu cárcere, que governa a vítima!

Condenada pelos crimes cometidos,

Por desobediência aos Mandamentos.

Pobre corpo visitante que a consola,

Foste tu gerado e criado pelos vícios,

Que a vida lhe destes sem pedirdes

E que hoje padece nesta masmorra.

Como pode, oh luxuria! governar

Sobre a vontade, manipular o corpo,

Condenar a consciência, sobreviver,

Pecando contra a castidade?

Vistes a ira sua comparsa,

Que descontrola tua vontade,

Condena suas ações, gerando ódio,

Incitando a vingança padecer?

Qual veneno sem antídoto,

Que corroí o teu juízo,

Fazendo vítimas teus convivas;

Destruindo a família a sociedade?

A raiva característica dos animais,

Que atacam em defesa própria,

Não passam de irracionais,

Que conservam suas espécies.

Mas a ti consciência,

Que raciocina, pensa,

Cria, transforma e reza,

Não podes negar tua ação.

Transforme sua energia,

De destruição em construção,

Promova a Paz, alimente esperança,

Ilumine a ignorância revele a Fé.

Assim a inveja maltrapilha,

Em conluio com a avareza

E a luxuria, desobedecem

Os Mandamentos de D’us.

Confirmando sua condenação,

Punitiva neste cárcere infernal,

Não lhe resta consciência,

Outra visita do que o padecido.

De nada adianta o desejo exagerado

Por posses, status, dons e

Habilidades que os outros têm,

Se aos seus despreza ou ignora.

O invejoso céltico das suas virtudes,

Ignora as suas bênçãos alcançadas,

Cobiça o próximo em seu detrimento.

Não se enxerga, não inspira, não vive!

Consciência, como pode lamentar tua sorte?

Que fizestes dos teus talentos, do teu espírito?

Perdestes tudo por tão pouco, por ciúmes!

Olhastes com malícia em vez de Louvar!

Nestes autos de condenação consta sua preguiça.

Porque amolecestes teu corpo que ora visita?

Não lhe fostes dado à capacidade do esmero?

Do capricho, do empenho e do trabalho?

Deste valor ao ócio, a vadiagem, do mal fazer.

O desleixo a condenou por negligencia e lentidão.

Esta apologia avessa ao trabalho à atividade,

Condenam à sua masmorra com as penas anteriores.

Finalmente, pela arrogância e vaidade,

Foste condenada às penas do orgulho.

Fizeste da soberba sua vanglória, abominável

Por Tomás de Aquino, que o denunciou.

Findo o processo, aguarda-se o veredicto,

Da Suprema Corte Excelsa, em Juízo Final,

Padecendo corpo em suas visitas até que

O Pó volte à terra que o deu.

Repetindo o Pregador,

Vaidade de vaidade

Tudo é vaidade!

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 23/04/2014
Reeditado em 07/10/2014
Código do texto: T4779774
Classificação de conteúdo: seguro