Epifania cotidiana

Detrás da carcaça de um bairro comercial, dançam

espontaneamente alguns poucos dentes do homem empoeirado.

Palavras informais e destruidoras de qualquer gramática

globalizam fonemas enérgicos e rápidos, fagocitam a língua presa,

que bebe compulsivamente suas doses de cachaça

e embriaga-se com o texto recortado que fala e esquece sucessivamente

Há um por quê para tanto inferno

na fineza em que se distribuem os acontecimentos.

Seja dia, a fragrância de poluentes em combustão

permeia a velocidade da comunicação dos seres

vivos ou não vivos, os seres inexplicáveis

ou somente por metáforas são explicáveis

e cavalgam pelas montanhas de tecnologia.

sozinhos, caminham pela a exatidão dos fatos,

e viajam pelo pensamento de tudo

Nas janelas noturnas, os ventos sibilantes

escorrem pela frecha curva, os dedos roçam o nariz:

escorrem arrependimentos e um grito interno de um espirro

pobre doente.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 21/04/2014
Código do texto: T4776585
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