Epifania cotidiana
Detrás da carcaça de um bairro comercial, dançam
espontaneamente alguns poucos dentes do homem empoeirado.
Palavras informais e destruidoras de qualquer gramática
globalizam fonemas enérgicos e rápidos, fagocitam a língua presa,
que bebe compulsivamente suas doses de cachaça
e embriaga-se com o texto recortado que fala e esquece sucessivamente
Há um por quê para tanto inferno
na fineza em que se distribuem os acontecimentos.
Seja dia, a fragrância de poluentes em combustão
permeia a velocidade da comunicação dos seres
vivos ou não vivos, os seres inexplicáveis
ou somente por metáforas são explicáveis
e cavalgam pelas montanhas de tecnologia.
sozinhos, caminham pela a exatidão dos fatos,
e viajam pelo pensamento de tudo
Nas janelas noturnas, os ventos sibilantes
escorrem pela frecha curva, os dedos roçam o nariz:
escorrem arrependimentos e um grito interno de um espirro
pobre doente.