ELOS, CADEIAS, FEITIÇOS...

“Por acaso o cão que, após longos esforços,

logra por fim escapar,

não leva quase sempre consigo

um pedaço da sua corrente? ”

(Pérsio)

ELOS, CADEIAS, FEITIÇOS...

Carmo Vasconcelos

Existem certos momentos

Em que tudo se conjuga

Pra nos levar em lamentos

A buscarmos uma fuga

Nada resolve fugir

Pois por caminhos que andemos

As dores que ansiamos banir

Connosco as levaremos

Elas agarram-se à pele

Como réptil pegadiço

Ou tinta que num papel

Grava um amor de feitiço

Seguem-nos eternamente

Como ao cão que em liberdade

Leva elos da corrente

Que o prendeu sem piedade

Façamos pois aguarelas

D’elos, cadeias, feitiços

Sejamos pombas nas telas

Que exorcizam os enguiços

***

Lisboa/Portugal

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Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 14/04/2014
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