ELOS, CADEIAS, FEITIÇOS...
“Por acaso o cão que, após longos esforços,
logra por fim escapar,
não leva quase sempre consigo
um pedaço da sua corrente? ”
(Pérsio)
ELOS, CADEIAS, FEITIÇOS...
Carmo Vasconcelos
Existem certos momentos
Em que tudo se conjuga
Pra nos levar em lamentos
A buscarmos uma fuga
Nada resolve fugir
Pois por caminhos que andemos
As dores que ansiamos banir
Connosco as levaremos
Elas agarram-se à pele
Como réptil pegadiço
Ou tinta que num papel
Grava um amor de feitiço
Seguem-nos eternamente
Como ao cão que em liberdade
Leva elos da corrente
Que o prendeu sem piedade
Façamos pois aguarelas
D’elos, cadeias, feitiços
Sejamos pombas nas telas
Que exorcizam os enguiços
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Lisboa/Portugal
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