HOJE COMO ONTEM... (Poemas em tempo de guerra)
HOJE COMO ONTEM... (Poemas em tempo de guerra)
Carmo Vasconcelos
Hoje os rios correm vermelhados de vergonha,
Plúmbeos os céus, envergam traje de ímpar dor,
Na atmosfera gaseifica-se o estertor,
Poeira de sangue sem limite que se oponha.
É uma barbárie turbulenta que regressa,
A insanidade da feroz Roma de Nero,
A arena ignóbil do bestial exemplo fero,
A demoníaca loucura, vã, pregressa.
Qual a que à morte condenou natos varões,
Pra aniquilar a voz do Cristo Redentor,
Chegado ao Mundo pra pregar a paz e o amor,
Mote enjeitado por Herodes e vilões.
A mesma que, ímpia, conduziu à Inquisição,
Injustamente, os desafectos, fés avessas,
E fez rolar na guilhotina essas cabeças,
Sem vacilar um só momento em compaixão.
Hoje, motivos e razões bem divergentes
Vestem a Guerra, igual, no sangue mergulhada,
E capitula a Paz, às mãos da malfadada
Carnificina que dizima os inocentes.
Novo Dilúvio venha à Terra! E que extermine
Os vis demónios que a ambição trazem aos pés,
E nos devolva o Mundo, tal o que Deus fez,
Um Mundo Novo que a violência recrimine!
***
Lisboa/Portugal
http://www.carmovasconcelos-fenix.org