Perseu Petrificado

Se desceres um dia ao sub-mundo

Saiba que para a superfície jamais retornarás

Nem fábulas,

Nem canções,

Nem poemas sobre ti

serão recitados diante da fogueira

Nem a mão da princesa Andrômeda ás de desposar

Tua jornada será apenas sua, guerreiro solitário

E ninguém ao menos ouvirá rumores de teu nome

Ou das proezas que fizeste

Pague uma moeda ao barqueiro

E embarque nessa viagem sem volta

Mas acautelai-vos na travessia do rio

As almas perdidas do limbo entre os dois mundos irão lhe puxar

Se por acaso fitar-te por muito tempo teu reflexo sobre as águas

Se a escuridão do rio for aterrorizante para ti

Quando chegares finalmente no templo da Medusa

Não penses que o escudo de Athena lhe salvará

Manterás a espada desembainhada

O escudo será como um espelho

Andando de costas verás a imagem ofuscada da criatura

Possuído de pavor tu não a matarás

Nessa hora compreenderás tudo ao redor

Irás enfrenta-la sem o escudo

Figura horripilante da musa violada

Mostrará toda fúria sobre ti,

Enviado de Athena

Sentirás o que é ser petrificado

Camada por camada

Pele, músculos, ossos, sangue

Nada verás diante de teus olhos

Apenas o vazio e silencioso NADA

Se tu não sucumbires a esta monstruosidade

Terás a chave do baú dos segredos do universo

Reservados somente a ti

E a Górgona irás torna-lo seu amante

Douglas Almeida
Enviado por Douglas Almeida em 31/03/2014
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