Perseu Petrificado
Se desceres um dia ao sub-mundo
Saiba que para a superfície jamais retornarás
Nem fábulas,
Nem canções,
Nem poemas sobre ti
serão recitados diante da fogueira
Nem a mão da princesa Andrômeda ás de desposar
Tua jornada será apenas sua, guerreiro solitário
E ninguém ao menos ouvirá rumores de teu nome
Ou das proezas que fizeste
Pague uma moeda ao barqueiro
E embarque nessa viagem sem volta
Mas acautelai-vos na travessia do rio
As almas perdidas do limbo entre os dois mundos irão lhe puxar
Se por acaso fitar-te por muito tempo teu reflexo sobre as águas
Se a escuridão do rio for aterrorizante para ti
Quando chegares finalmente no templo da Medusa
Não penses que o escudo de Athena lhe salvará
Manterás a espada desembainhada
O escudo será como um espelho
Andando de costas verás a imagem ofuscada da criatura
Possuído de pavor tu não a matarás
Nessa hora compreenderás tudo ao redor
Irás enfrenta-la sem o escudo
Figura horripilante da musa violada
Mostrará toda fúria sobre ti,
Enviado de Athena
Sentirás o que é ser petrificado
Camada por camada
Pele, músculos, ossos, sangue
Nada verás diante de teus olhos
Apenas o vazio e silencioso NADA
Se tu não sucumbires a esta monstruosidade
Terás a chave do baú dos segredos do universo
Reservados somente a ti
E a Górgona irás torna-lo seu amante