Tolo banqueiro

Eram tantos os amigos

Os companheiros e chegados

Eram tantos apertos de mão

Tapinhas nas costas e abraços

Eram tantos “Ora, viva!”

Elogios disfarçados

Eram tantos apoiadores

Baba-ovos, puxa-sacos.

Mas aí veio a crise

Nem um puto lhe sobrou

Carro zero foi trocado

Por um antigo Gol

A mansão na praia

Com 500 mil metros quadrados

Leiloada, serviu de pagamento

Dos salários atrasados.

A loirona boazuda

Que lhe servia de troféu

Meteu-lhe um par de chifres

Com um tal de Daniel

Iate, lancha e até o jatinho

Viraram fumaça de uma hora para outra

E com uma mão na frente e outra atrás

Está ali sentado, tomando garoa.

E os amigos, cadê?

Ninguém sabe, ninguém viu.

Os parceiros de golfe, os “camaradas”

Todos eles, tomaram Doril

Foi nessa hora que ele chorou

E percebeu amargamente

Que dinheiro, poder e sucesso

Atrai mais lama que enchente.

Morreu sozinho, sem ninguém ao lado

Nem sequer um enterro decente recebeu

Não houve um túmulo de mármore

Nem mesmo uma lápide em estilo europeu

Enterrado como indigente

Foi esquecido rapidamente, tolo banqueiro

Para provar que nesta vida mais vale o que somos

Do que o que nos consegue o dinheiro.

Milene Gomes
Enviado por Milene Gomes em 30/03/2014
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