SONS
SONS
No meu silêncio
Repleto de ruídos de fundo
Ouço sons que me agradam
Outros fazem-me furibundo
Adoro o som das crianças
Em suas lambanças
Detesto o som dos adultos
Em seus púlpitos
Adoro o som dos passarinhos
Em seus ninhos
Detesto o som dos racionais
Em seus urros animais
Adoro o som das folhas
Farfalhando em brisa
Detesto o som das serras
Declarando guerra a terra
Adoro o som das orquestras
Em sua união de acordes
Detesto o som das ordens
Uníssonas em desacordes
Adoro o som do gargalhar
Destilando humor e graça
Odeio o som do chorar
Oriundo das desgraças
Adoro o som do amor
Suave e encantador
Odeio o som da dor
Provocado pelo ódio
Adoro o som da paz
Por assim dizer inaudível
Odeio o som dos conflitos
O pesar de seus gritos
Adoro o som da noite
Em seus sussurros apaixonados
Odeio o som do açoite
Em inocentes amordaçados
Adoro o som da vida
Em sua eterna lida
Odeio o som do óbito
Em seu chorar pelo incógnito
Adoro o som de vozes
Em inspirado coral
Odeio o som de vozes
Que pregam o mal
No meu silêncio
Os sons me invadem
O silêncio do olhar
Mostra-me a verdade