Nosso sangue alheio

Poesia por identificação instaura,

apreço numa taça que está só meia;

claro que essa magia não restaura,

só transfere a outrem nossa veia;

quando a foto sofrida de nossa aura,

encaixa justo com o brilho da alheia...

poeta , até inocente é mais que ele,

empresta um quê de profecia sua voz;

ainda que não reputem assim, àquele;

se o tal, canta apenas sua sorte atroz,

sangrando como que pelo sangue dele,

não raro, vemos, um pouco de nós...

Quanta luz já sorvi de outras velas,

Como se sorte também estivesse,

Tangendo dois pela mesma cancela,

Aí, disse amém a uma alheia prece...

quando o bardo laça palavras belas,

nosso campo também enriquece...