A Imaginação de um sonho.
A Imaginação de um sonho.
Não sei nada de mim.
Isso não é importante.
Se tenho alma.
Ou apenas linguagem.
Se sou química.
Ou lógica cartesiana.
Ou somente pastagem.
Se sou um párvulo.
Segredo ou revelação.
Medo ou insônia.
O que importa.
É que mudei.
Sou polimorfo.
Foram tantas modificações.
Em todos os aspectos.
Mimetismo puro.
Muitos sumiram.
Outros voltaram.
Mas não tiveram.
Seus espaços.
Hoje não sei o que serei.
Mas não tem nenhuma importância.
Saber ou não saber.
Sei que sou o meu segredo.
Solitariamente.
Dentro da minha imaginação.
Propedêutica.
Vou morrendo.
E vou existindo.
Eles vão acontecendo.
Em uma dialética intermitente.
De ser exatamente minha pessoa.
Mas não sou.
Muito menos deixo de ser.
Inexaurivelmente.
Como se a lógica de ser.
E de não ser.
Tivesse algum sentido.
Fundamentalmente propalado.
Tudo que sei.
Que sou o meu corpo.
E tantos outros serão.
A única coisa que nunca serei.
Diversos outros nomes.
Edjares, Edjares e Edjares.
Mas tudo que serei.
Serão tantos outros edjares.
O que posso dizer.
Ou fazer.
A eterna metamorfose.
Indelével.
Ao modo de ser e não ser.
Lexiogenicamente.
Mas sou indiferente.
Aos modos de serem.
Porque exatamente não sou.
Restam minhas figurações.
Signos de linguagem.
Ilusões intermináveis.
A peremptoriedade do tempo.
Não do meu tempo.
Por não ter essencialidade.
As minhas existências.
As referentes à minha vida.
O meu cogito.
Ad veritas dominus.
É um pedaço de mim.
Negado.
Na perspectiva dos sonhos.
Dos que não foram idealizados.
Sem imprecação.
Imperscrutavelmente a eternidade.
Presos ao silêncio da madrugada.
Edjar Dias de Vasconcelos.