Canção à vida

Canção à vida

Fui fruto de um amor profundo,

gerado em terra árida,

onde o leito do rio seco revelava

pedras. Caminhos que havia

de trilhar na longa estrada.

O inverno fazia brotar as águas

que cantavam ao passar das horas,

trazendo-me à memória faces reluzentes.

Não fui apenas dores. Fiz-me riso.

O sol se fez chama em minha mente,

a brisa acariciou meus pensamentos,

a poesia me trouxe um novo alento

e os amigos correram para me abraçar

ao cair de sonolenta tarde.

Se a tudo me entreguei como devia,

ao amor prestei reverência,

e na planície não vivi tão somente

encoberto por mistérios não desvendados,

mesmo que castelos não tenha construído,

nem grandes batalhas tenha vencido,

por certo não tenho vivido inutilmente.