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mereço cada palavra

que extraio da pele como espinho

essa textura de folha seca

que é meu pobre coração

pereço em cada palavra

que se crava na pele como adaga

o peso que parte em dois a luz

dissolve a alma em convulsão

as páginas do livro rasgadas

a armadura partida

a vida rastelada

as rosas incendiadas

as vozes recolhidas

a noite e o vento

os pássaros

a música que toca nos ossos

e a fugitiva ideia

de que a poesia salva

Helenice Priedols