ESQUINAS E ESPELHOS



Retornando aos caminhos por onde passamos,
As lembranças reconstituindo cada curva,
Refazendo todas as esquinas, encruzilhadas,
E já não relembramos todas as tantas razões,
Nem a lógica das nossas tantas decisões.

Muitas das decisões foram lógicas,
Pautadas na busca pelo melhor,
Ditadas por emoções controladas,
Enraizadas em objetivos traçados,
Outras, apenas mercê de rompantes emotivos.

Quantos sentidos incontrolados,
Consequências de raivas ou bobo orgulho,
Quantas emoções toscas e indesejadas,
Oriundas de sentimentos infrutíferos,
Fizeram-nos seguir tortos descaminhos.

Quantas vontades adiadas, menosprezadas,
Levaram-nos a sentar nos barrancos da inércia,
Enquanto o tempo corria, carregando a vida,
Que passava veloz, sem oferecer carona,
Sem demarcar nem perdoar as omissões.

Eis o espelho do tempo, comum e semelhante,
Que reflete os erros e as suas consequências,
Razão de tantos ardumes, feridas e sangrias,
Motivo das alegrias, da felicidade em si e por si,
Certeza de que o futuro é o que ele refletirá,
Imagens das esquinas - rastos das decisões tantas.
Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 05/03/2014
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