Cavalheiros

Dom pra poesia é precioso entre os dotes,

empresta vestes de gala para ideias fartas;

quando aceso faz malabarismo com motes,

assim como o vigarista faz com as cartas...

Contudo, por si mesmo, ele ainda fraqueja,

não raro demanda assessoria da esperança;

pois, se essa o abandona e alhures bordeja,

ei-lo timorato, qual, no escuro, uma criança...

Certo que, se, onde queremos açúcar, há sal,

muitas vezes, o ocultamos sob meia verdade;

porém , sangramos, poeta é doador universal,

para demandas de transfusões de identidade...

Há os que temendo a sina caem nas drogas,

outros que, se afundam, no promíscuo lixão;

nos julgam fracotes, esses juízes sem togas,

só por sermos cavalheiros com o nosso, não...

Mas, ter a força controlada é grande avanço,

para quando a decepção nos coloca a ferros;

mais forte o que, contrariado pode ser manso,

que outro, que disfarça seu medo aos berros...