Cadeira vazia

Fazer o poema ao amor que não veio,

as selfies da solidão se ocupam disso;

sem mirar àquele o acertam em cheio,

pura lógica, nada de magia ou, feitiço...

Assim passa uma ambiguidade de vida,

até certa hipocrisia empresta seu traço;

na filosofia que cantamos para torcida,

e a real, com qual, andamos de braços...

Quem sabe ouvir aos atos, pregoeiros,

percebe diáfano o que eles propagam;

de certo modo, todos são verdadeiros,

pena que, palavras às vezes estragam...

Celas de vil metal prendem, idealistas,

o metal soa possante, e o discurso, vil;

o homem capitula a insanas conquistas,

por que a alma destoa do vigor varonil...

Os montados na grana galopam assim,

o balanço do galope, inda desconheço;

quando a tentação vier encilhada enfim,

os bons valores hão de sufocar o preço...

Assim, o amor à verdade foge da festa,

as máscaras se mascaram, de alegoria;

e, nem careço denunciar lacunas estas,

há certa presença até, na cadeira vazia...