A imaginação de um ser pensante.

A imaginação de um ser pensante.

Quem sou eu?

Uma boa pergunta.

Não sei.

Sou uma hipótese?

Uma mnemonização.

Como deveria saber.

Mesmo se tenho existência.

O que parece ao que me resta.

Apenas um vazio.

Insignificante e enorme.

Cujos significados realizados.

De ausências.

Nunca tive alma.

A minha essência.

Realiza-se por mudanças.

Mudei centenas de vezes.

Isso não significa que desejasse.

Modificar-me.

Mas aconteceu.

Hoje não sei quem de fato sou.

Mas esse fato não é o mais importante.

Ser ou não ser.

Pura bobagem idiossincrática.

Sei apenas.

Que milhares dos Edjares morreram.

Alguns ressuscitaram parcialmente.

Para em seguida morrerem novamente.

A vida sempre foi uma brincadeira.

Indelevelmente.

Para ser e não ser ao mesmo tempo.

Acostumei-me com essas possibilidades.

Miríade ao indeterminado.

Criei uma estrutura sistêmica.

Do meu cérebro.

Hoje sou metamorfose.

Os outros que foram.

Foram.

Como se não tivessem existências.

Eles não fazem sentido.

Para minha finalidade.

Porque não desapareceram.

Inexaurivelmente.

Sonho e vivo cada um deles.

A cada momento.

Sei que serei outros.

Eles também vão desaparecer.

Em outros momentos.

Apofanticamente.

Nesse instante sou apenas eu.

Mas não estou minimamente.

Interessado por esse ser.

Que estou sendo agora.

Porque sei que logo serei morto.

Por outros edjares.

Que já estão aproximando.

Mimeticamente.

Parte deles pancrácio.

Outros cheios de genialidade.

Os que virão.

Herdarão fragmentos dos que foram.

O que sobrará de mim mesmo.

Apenas o meu corpo liame.

Aos poucos entropicamente deformando.

Porque é da lei da natureza deformar.

Impregnado a mim.

Restará tão somente.

O meu nome.

Isso significa que todos eles.

Terão o mesmo nome.

O aspecto mais profundo da alienação.

Dos que foram.

E deixaram solitariamente o meu ser.

Como se não tivesse nada com isso.

Malsinando-me.

Poderia dizer magnanimamente.

Sou o meu corpo.

Sendo ele o meu nome.

Mas se procedesse desse modo.

Estaria negando a ele.

E recusando o meu próprio nome.

Então prefiro dizer.

Que além da minha pessoa.

E do meu nome.

Todos os demais aspectos.

São metamorfoses.

A exuberante mudança.

Que indefere a mim mesmo.

Como gente.

Antes de nascer.

Já perdi a minha alma.

Nunca tive imaginação.

A linguagem sempre fora.

Muito pobre.

A única coisa que restou a mim.

Foi a minha transformação contínua.

O que sou hoje.

Apenas as permanentes negações.

Transformo tanto.

Que a minha natureza nunca pode.

Ter exatamente uma essência.

Sou um ser sem fundamento.

Sem lógica.

Completamente vazio.

Motivo pelo qual posso saber tudo.

E desenvolver uma razão genial.

Sem ideologias.

Longe das manipulações metafísicas.

E das ignominiosas tradições.

Mudo muito.

A cada instante.

Sou completamente indiferente.

As minhas mudanças.

Não faço nenhuma referência.

Ao ser que sou.

Isso porque em mim.

Não muda nada nas mudanças.

As mudanças mudam.

E vão mudando.

O que sou não muda.

Porque sou apenas mimeticamente.

A minha processualidade.

Sou a incompletude.

A minha natureza é a imperfeição.

Sempre gostei da ideia.

Da não existência da alma.

Pensar em deus.

O que pensaria de mim.

Como fico se existisse deus.

Se tivesse sentido para a alma.

Não existiria significação para mim.

Seria um Edjar perdido na lógica do ser.

E não teria desejo para imaginar a vida.

Majorada nela mesma.

A única coisa que sei.

É que tenho linguagem.

Pensamento.

E que o modo de ser e pensar.

Constituem em ideologias.

Vivo e reformulo a cada momento.

Tais preceitos que constituem.

Os meus pensamentos.

Como se existisse algo de verdadeiro.

Em tudo isso.

Mas o que existe mesmo.

É o meu nome e o meu corpo.

A imagem da minha pessoa.

As demais coisas são puras.

Transfigurações.

Que representam a minha imaginação.

Singela como transfiguração.

Uma mitigada passagem.

Além da ilusão do infinito.

Contínuo ao sonho de ser.

Noctâmbulo a representação comum.

De um grande delírio.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 27/02/2014
Reeditado em 27/02/2014
Código do texto: T4708477
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