Contrapontuando

O cursor pontua a tela branca perguntando, e aí?

Aqui tateio e reflito na busca de um contraponto;

Epa! Eis que o tema surgiu fortuito nem percebi,

Digo, notei meio tarde, como fazem os tontos...

É que a vida, posto que recheada de agruras,

Sempre oferece uma face alternativa, suave;

Compensa as dores com algumas branduras,

Cada mácula encontra a sabão pra que se lave...

Aquele que a faina estraga e dana seu músculo,

Quase como se fosse uma penitência trabalhar;

Recebe a recompensa quando cai o crepúsculo,

Filhos que o acalentam com sorrisos de ninar...

Os loucos desamados que refugiam-se na poesia,

Pouco importando se estão na água ou no lodo;

O torniquete dos versos ajuda estancar à sangria,

vida parece que esvai, mas, não o faz de um todo...

enquanto um lamenta por que falta pão e camisa,

outro, deveras abastado diz saber a tristeza de cor;

se afirma que sua dor nenhum bem lha ameniza,

refrigera-se na ideia que não mais pode ficar pior...

A diversidade de percepções também é um crivo,

Que pinta como se diversos, aos mesmos testes

Para uns, soa fácil fácil, como rimar no infinitivo,

A outros parece doloroso como escalar ao Everest...

não é exaustivo isso, e haverá, por certo, alguém,

que desprezará essa filosofia de fundo de quintal;

entretanto, nada apregoo, só uso buscar meu bem,

na outra face da moeda que estampa meu mal...