Brincar de Deus
Tempos inglórios,
Vãs mentiras,
Cálidos personagens,
Vítimas do fim dos tempos...
Ah o tempo, vasto tempo
Bastardo, fútil,irreparável.
Quase nos atrapalha quando nos
Damos conta do seu passar.
Nos atropelando e roubando mais um dia.
Ah o tempo!
Não o tempo do poeta que saudosamente
Em pensamentos ouvia o canto dos pássaros,
Mas o tempo moderno, virtual
Que nos transforma cada vez mais
Em seres cibernéticos,
Buscando sustentabilidade
emocional e física.
Tempo, ah se eu por um dia,
Pudesse brincar de ser Deus,
Divino, altíssimo, inimaginável,
Para brincar com o tempo,
Voltar, revirar, reviver, renovar
Trazer de volta quem amei,
Levar as mágoas para anos luz a minha frente,
Rasgar momentos que não valeram à pena,
Refazer o tempo...
Mas tu ingrato tempo,
se perde até em meus versos,
Quando percebo o passar das horas,
Sem volta, neste labirinto de estrofes,
Que acabam, entre ponteiros inexistentes
Lembrando-nos que o tempo do meu Eu
É o único que me permite brincar de Deus!