Pensamento comiserativo
—Uma esmola pelo o amor de Deus!
Pede o mendigo ao cidadão passante.
Um homem tíbio, de olhar distante,
passou tão longe que não percebeu.
E veio um homem fino e elegante.
—Uma esmola pelo o amor de Deus!
Apalpa o bolso como que esqueceu
e segue o seu caminho, confiante...
E veio um padre e nada lhe deu
e um burguês chamou-lhe vagabundo.
Pediu esmola, enfim, pra todo mundo:
—Uma esmola em nome de Deus.
Se ele era ou não um vagabundo
é minha dúvida não dirimida.
Aquele homem, de unhas compridas
e dentes encardidos pelo fumo,
ostentava na perna uma ferida,
qual um troféu à sua probidade;
um riso triste, de dar piedade,
qual um adeus na hora da partida.
A barba branca, a tez envelhecida,
a vasta cabeleira em desalinho;
vazio, descuidado e tão sozinho:
era um produto com data vencida.
—Uma esmola pelo o amor de Deus!
Pede o mendigo ao cidadão pensante,
que olhou... parou... pensou... e hesitante...
tirou algo do bolso e lhe deu.
Dizem que o tal pensante era ateu,
mas Deus abençoou-o nesse instante.
—Uma esmola pelo o amor de Deus!
Pede o mendigo ao cidadão passante.
Um homem tíbio, de olhar distante,
passou tão longe que não percebeu.
E veio um homem fino e elegante.
—Uma esmola pelo o amor de Deus!
Apalpa o bolso como que esqueceu
e segue o seu caminho, confiante...
E veio um padre e nada lhe deu
e um burguês chamou-lhe vagabundo.
Pediu esmola, enfim, pra todo mundo:
—Uma esmola em nome de Deus.
Se ele era ou não um vagabundo
é minha dúvida não dirimida.
Aquele homem, de unhas compridas
e dentes encardidos pelo fumo,
ostentava na perna uma ferida,
qual um troféu à sua probidade;
um riso triste, de dar piedade,
qual um adeus na hora da partida.
A barba branca, a tez envelhecida,
a vasta cabeleira em desalinho;
vazio, descuidado e tão sozinho:
era um produto com data vencida.
—Uma esmola pelo o amor de Deus!
Pede o mendigo ao cidadão pensante,
que olhou... parou... pensou... e hesitante...
tirou algo do bolso e lhe deu.
Dizem que o tal pensante era ateu,
mas Deus abençoou-o nesse instante.