Minha poesia é uma velha cansada
Tentei rasgar meus poemas
Minha poesia é uma velha cansada
Atravessada pelo tempo
Rude como a pedra do rio corrente
Tudo passa e ela fica
Como um lagarto que dorme sob o sol
Tentei rasgar todos meus versos
Minhas estrofes são um emaranhado
De estrelas apagadas sobre o chão frio
Esquecidas pelos deuses e astrólogos
Pelos astrônomos e amantes
Que blindam suas taças nas madrugadas sem fim
Tentei... mas não consegui
Na primeira tentativa
Escorreu sangue pelas minhas mãos
Foi um corte profundo
E senti um som de quebra osso
Dei-me conta que tudo aquilo era eu
Tudo aquilo que era minha poesia
Era eu
Até quando não era
Era eu
Era eu do lado contraditório... o avesso
O lado escuro da lua e o oposto da rua
Não posso matar minha poesia
Seria um suicido
Não precisa chamar os bombeiros
Não vou atirar meus poemas
Do trigésimo quinto andar
Ainda não