Queria

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Queria entender os melindres e sentidos da palavra sempre.

Porque é do nunca que tenho vivido e me alimentado.

Queria entender a razão de todos os insondáveis medos.

Porque sinto a coragem se esvair por entre meus dedos.

Queria decidir para muito além dos meus limites corpóreos.

Porque a alteridade limita minha liberdade e meus voos.

Queria poder gritar não apenas com a força que tenho.

Porque sei que uníssonos bramidos refletem mais que um.

Queria não saber julgar e me enclausurar dentro da carcaça.

Porque sei que toda pedra lançada subjuga-se a si mesma.

Queria captar somente a luz que emana das nascentes.

Porque sei que as trevas contornam caminhos e nos atingem.

Queria aceitar a espera sem que a angústia me sufocasse.

Porque sei que a paciência submete o algoz sem piedade.

Queria dar adeus sem nenhum ressentimento, sem mágoas.

Porque sei que os descaminhos nos levarão a novos encontros.

Queria...

Por quê?

Iguatu-CE, 17 de fevereiro de 2014.

20h46min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 17/02/2014
Código do texto: T4695387
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