Segundo Momento do Historicismo e seus Fundamentos.

O segundo momento do desenvolvimento do historicismo.

O segundo momento da evolução do historicismo efetivou-se com a teoria relativista impregnada no historicismo, que foi desenvolvida pelo grande Teórico Wilhelm Dilthey, grande filósofo que iniciou a escrever suas teorias no final do século XIX e início do século XX.

Dilthey influenciou muito o conjunto das ciências sociais na teoria do conhecimento, influenciando de certo modo o próprio marxismo, a primeira grande contribuição dada por Wilhelm Dilthey, foi à distinção elaborada por ele na fundamental diferença entre ciências do social e ciências da natureza.

O entendimento usado por Dilthey é que nas ciências sociais os critérios são culturais e naturalmente históricos, com efeito, o sujeito e o objeto são idênticos, o que é essencialmente diferente das ciências da natureza, o sujeito ao compreender qualquer estudo científico da natureza poderá ter posicionamento de neutralidade.

O que significa contrariamente, quando o homem vai estudar algum fenômeno de natureza social, antes de compreender o próprio fenômeno, o sujeito estuda a si mesmo, o espírito primeiro tem de compreender a si mesmo, para posteriormente entender os fatos, é fundamental levar em consideração a natureza da cultura e suas diversidades.

A diferença fundamental da situação das ciências naturais na qual o sujeito sempre estuda objetos exteriores a cultura, ao próprio espírito como mediação da análise, exemplo: a cosmologia, a física, a biologia etc.

Nas ciências sociais o sujeito está sempre estudando a si mesmo e quando tenta entender um fenômeno de caráter social, sendo ele um produto cultural fruto da relatividade da produção do tempo, ao compreender o objeto, termina-se por entender a sua vida cultural.

Motivo pelo qual existe uma relação de identidade entre o sujeito e o objeto, especificamente nas ciências do espírito. Motivo pelo qual não é possível colocar a questão da objetividade nas ciências do social.

O resultado é naturalmente relativo, subjetivo e se prende na natureza da determinação do tempo histórico, não existe, com efeito, o conceito absoluto. O sujeito não consegue tomar distanciamento dos fatos históricos.

Dessa forma o problema da objetividade nas ciências sociais não coloca a questão epistemológica em um campo completamente neutro. O que reflete Dilthey, que nas ciências do espírito, as ciências sociais, os juízos de valor e os juízos de fato são inseparáveis.

A explicação é simples, todo sujeito cultural é composto e tem seus valores resultados dos diversos mecanismos de sínteses presentes nas análises da cultura e do mesmo modo projetadas na compreensão de qualquer objeto social.

Outro aspecto importante no critério metodológico de Dilthey no entendimento do historicismo, para entender a ciência social, não basta apenas explicar os fatos, é necessário compreender culturalmente os significados dos mesmos históricamente.

Exemplo clássico qual o significado de uma cruz de madeira, a mesma têm conteúdos simbólicos ligados ao mundo cultural, que não poderá ser explicado de qualquer modo.

Para Dilthey o cientista da natureza pode explicar o fenômeno da cruz, por explicitações exteriores ao fenômeno material, usando as leis da física, enquanto o cientista natural não tem de compreender o significado cultural do objeto, portanto, a necessidade da compreensão para o cientista social é diferenciado.

Dilthey chega à seguinte conclusão, as ciências sócias são produtos históricos, tem sua validade historicamente definida, limita ao seu tempo de produção, portanto, são relativas para o conjunto de produções culturais de uma sociedade.

Em sua Teoria das Visões do Mundo, ele reflete a história como um tribunal do mundo, com efeito, cada sistema teórico além de relativo, é essencialmente passageiro. A histórica é um campo ideológico de ruínas, cada uma das explicações exclui as outras.

Nenhum sistema consegue provar definitivamente o outro, o que pode de certo modo ser denominado como conjuntos anárquicos interpretativos, o que concorda de certa maneira com a teoria do ceticismo relativo.

Ele percebe que cada uma das visões tem valores limitados, que cada valor é historicamente condicionado, relativo a uma determinada situação cultural do fato em estudo.

Motivo pelo qual cada sistema de análise é relativo a uma situação histórica determinada, cada uma das teorias relata uma dimensão do objeto em estudo, mas não pode compreender a complexidade do próprio objeto.

É, portanto, impossível ter uma visão da complexidade do fato estudado, o que pode ser verdadeiro, mas apenas na sua individualidade, na visão parcelada da razão, mas não na objetividade.

A razão para Dilthey no seu historicismo entende apenas uma parte da dimensão complexa da realidade. É impossível uma visão de conjunto dos diversos aspectos de um objeto social em estudo.

O grande valor de Dilthey ele percebe com sabedoria que a ciência do social é atravessada por uma profunda contradição ao mesmo tempo em que procura atingir a objetividade do conhecimento, a ciência do social está vinculada a uma teoria parcelada da razão, limitada, parcial e unilateral, impossibilitando ao conhecimento da complexidade.

Não apenas da teoria, mas também da análise do objeto, o próprio conhecimento impõe limites insuperáveis a teoria do conhecimento.

Observação: O próximo artigo verificará as diversas soluções dadas por autores historicistas a essa problemática.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 17/02/2014
Reeditado em 17/02/2014
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