Verdades de hoje
Verdades de hoje
Não, chega de honrarias e metais
Chega de semi-deuses, imortais
Onde estão minha família, meus entes?
Onde estão os erros do mundo e sua gente?
De repente não mais que de repente tenho marcas
Sejam de camisas, calças, automóveis
Minhas pernas coitadas mal se movem
Não tiveram culpa, não tem motores
E os olhos mal posso ver, os ouvidos tapados
Onde está o versejar dos revoltos
Cadê o som da nação, não pulsa
Mais, o órgão de lata
E chegam aos montes chagas
Saem das pólis os juízes
E eu não sei se vou ou se fico
Dou meus berros, choro, sem juízo
Meu rosto tem uma face que não é minha
Meus pés não sabem onde pisam
Meu estômago tem até filial
Meu cérebro já não é mais conciso
E pra onde se foi a consciência
Deixando a demência nesse corpo
Caro, lapidados estamos sumindo
A humanidade é muito escassa, rara
E abro a boca cheia de cáries,
Meus olhos mal podem enxergar
Minha barriga cheia de vermes, lacrimejam
O meu lado humano que só quer tentar
E razão acomete o sossego, o peito
Grita de agonia, fujo dos padrões feito
Tolo, corro mesmo para a harmonia
Sinto-me, as vezes, culpado diante da monotonia
É fácil demais ser julgado, mais ainda
Ser calado, opinião é para os que podem
Sentimento para os fracos, livro-me de tudo
O que tenho, me desfaço, sinto-me nu...
Graças a Deus...
Gabriel Amorim 16/02/2014