Ode à saudade

Saudade quando vindo, arremete,

É para melhor pousar na alma vaga;

Sua tripulação sempre pinta o sete,

Nós, passageiros da pretérita saga,

Nem todo idioma traz o verbete,

Mas, toda alma ostenta essa chaga...

Visita até os tempos do carro de boi,

Desperta acossada por aroma de café;

Relembra doideiras del loco que soy,

Indulgente perdoa as loucuras até;

Ora puxada atrás pelo belo que foi,

Outra empurrada , pelo feio que é...

Era feliz, não sabia, a bem da verdade,

É forma falada de a querer muito bem;

Sobe à proporção dos degraus da idade,

Que tenta afastar-nos donde ela vem;

Vã a tentativa, pois, não temos saudade,

Tributários somos, é ela que nos tem...

Assim, quedo refém e sequer sou meu,

Liberdade erra nessas vias mui tortas;

reaviva a antiga chama de Prometeu,

Atraindo sua presa por remotas portas;

Qual placa mágica da “Noite no Museu”

Que ressuscita as velharias mortas...