A Destruição das Destruições.

A Destruição das Destruições.

Refiro a vossa explicação.

Ainda estudante de Filosofia.

Da Universidade Católica de Minas Gerais.

Jovem seminarista.

Da ordem dos padres lazaristas.

Do convento do Caraça.

Estudava veementemente.

A teoria platônica a respeito.

Da reminiscência da alma.

Tardes inteiras pesquisando.

A cultura indo europeia.

As margens dos rios sagrados.

A velha civilização indiana.

Quando pela primeira vez.

Em um tempo histórico distante.

O homem vê a sua imagem refletida.

Sobre as águas do rio.

Do mesmo modo.

Devido à sombra produzida.

Pelo movimento da terra.

Em torno do seu eixo.

O reflexo da sombra do homem.

Então aquelas tribos primitivas.

Imaginaram existem duas realidades.

Humanas.

O homem é constituído de matéria e alma.

Formularam os primeiros conceitos éticos.

A partir exatamente dessa ideologia.

Em contacto com a civilização grega.

Do mesmo modo com os hebreus.

Desenvolveram o fundamento da existência.

Da alma humana.

A verdadeira essência humana é a alma.

Esse conceito indiano passou para filosofia.

Grega.

Primeiro a escola de Pitágoras.

Posteriormente Platão.

O que dizem os críticos de Platão.

Que na verdade era ateu.

Mas fez uso da teoria das reminiscências.

Com o objetivo de combater o poder.

Que estava em mãos de uma aristocracia.

Medíocre.

Segundo Platão apenas os sábios poderiam.

Governar as Cidades Estados.

E como não existia outra forma.

Para explicar a burrice.

Platão utilizou da teoria da reencarnação.

Pelo princípio da reminiscência.

Com a finalidade de mostrar.

Aos aristocratas que eles estavam.

Em um plano inferior.

Portanto, não tinha direito ao poder.

Eles tinham que viver segundo.

O mundo da luz.

Para que em outro momento.

Da reencarnação.

Nascessem sábios.

Tendo, portanto, direito ao poder.

Platão ensinava essas ideias.

Ironizando a ignorância dos nobres.

Mas como a reencarnação constituía-se.

Em uma ideologia política.

Tornou-se a base do fundamento.

Epistemológico.

Da sua academia.

Estudava essas análises.

Quando era seminarista.

No convento de São Vicente.

Mas os padres não poderiam

Saber.

Seria mandando embora imediatamente.

Porque a academia platônica.

Serviu de fundamento.

Para a formulação da teologia Patrística.

Elaborada por Santo Agostinho.

Muito posteriormente.

Para a teorização das várias formas.

Do espiritismo.

Questionar as bases da escola Patrística.

Seria a mesma coisa que negar.

A ressurreição de Jesus Cristo.

Então tive que estudar silenciosamente.

Sabendo que a elaboração do conceito.

Da alma foi uma manipulação.

Que iniciou com os povos indo-europeus.

O mundo helênico foi influenciado.

Do mesmo modo o mundo judaico.

Como as civilizações árabes egípcias.

Era seminarista.

E tinha percebido tudo isso.

Estudava filosofia grega silenciosamente.

Certo momento.

Na sala de estudo do convento.

Na cidade de Belo Horizonte.

Levantei uma das mãos e pedi.

Ao irmão Efigênio.

Preciso das obras completas de Aristóteles.

Preciso entender a lógica dessa história.

Imaginei comigo mesmo.

Muito mito em tudo isso.

Como também interesse econômico.

Vou estudar todos os livros dele.

Fui elogiado pelos padres.

Como exemplo de seminarista.

Li tudo que Aristóteles escreveu.

Percebi.

Que pelo menos em parte.

Aristóteles desejava destruir a escola platônica.

Tinha sido aluno de Platão.

Julgava o seu mestre delírico.

Também por um tempo imaginei.

Talvez em parte influenciado por Aristóteles.

Que Platão fosse de fato louco.

Mas quando descobri que Platão.

Usava a teoria da reencarnação.

Com o propósito de retirar da nobreza.

O poder político das Cidades Estados.

Passei então entender Platão.

Também como um gênio.

Pois sonhava realizar uma revolução.

Constitucional.

Utilizando como recurso a metafísica.

Mas acho que Aristóteles nunca entendeu.

Exatamente dessa forma.

O fundamento do Aristóteles original.

O conceito de alma.

Significava apenas os preceitos existenciais.

De toda forma material.

A pedra tem uma alma.

O cavalo outra.

A árvore também.

Do mesmo modo o homem.

A alma era apenas a essência da matéria.

Mas a alma não tinha mais o conceito.

De uma realidade separada do corpo.

Como fora inventada pelos indianos.

Então percebi que Aristóteles.

Tinha destruído Platão.

Sinceramente dentro do seminário.

Pela primeira vez encantei com a filosofia.

Principalmente aristotelicamente.

Logo em seguida fui estudar a filosofia.

De Santo Tomás de Aquino.

Denominada de Escolástica.

Surpreso.

E escandalizado.

Tinha descoberto a segunda destruição.

A Escolástica defendia a seguinte tese.

O corpo humano é composto de uma alma.

Sendo que a alma a essência do corpo.

Entretanto, realidades diferentes.

Quando o corpo morre.

A alma separa do corpo e vai para um paraíso.

Com um novo corpo na ressurreição.

Exatamente como aconteceu com Jesus Cristo.

O Fundamento era exatamente aristotélico.

Mas Aristóteles nunca pensara dessa forma.

Santo Agostinho fundamentado em Platão.

Criou uma teoria da ressurreição.

Do corpo e da alma.

Santo Tomás do novo corpo.

E da nova alma.

Condizente com o evangelho.

O novo homem.

Fundamentado na pseudofilosofia.

Do mestre Aristóteles.

O aristotelismo replatonizado.

Mas quem replatonizou Aristóteles.

Foi o filósofo Averróis.

Fiquei estupefato.

Porque o Aristóteles da Escolástica.

Era exatamente igual ao Platão da Patrística.

Meu terceiro grande desafio.

Em outra tarde.

Novamente chamei pelo irmão Efigênio.

Preciso dos livros de Averróis.

Quero entender tudo do seu pensamento.

Do mesmo modo Avicena.

Os padres não paravam de elogiar.

O meu comportamento acadêmico.

Entretanto, não percebia que estava.

Definitivamente caminhando para o ateísmo.

O que foi o movimento do averroísmo.

Doutrina de um grande filósofo medieval.

Ele conseguiu juntamente com Avicena.

Condensar toda ciência grega.

Reconstituído Aristóteles em suas traduções.

Replatonizando.

Harmonizando a filosofia de Aristóteles.

Com a fé muçulmana.

Possibilitando novamente fazer a defesa.

Da ressurreição do corpo.

Como base do fundamento do islamismo.

Nesse terceiro momento.

Aconteceu a destruição das destruições.

Aristóteles não era mais Aristóteles.

Tinha em seus fundamentos.

A mesma teoria platônica.

O Aristóteles do terceiro momento.

Fui exatamente usado para formulação.

Da elaboração da Escolástica.

Não é apenas a alma que ressuscita.

Mas o novo homem.

Exatamente descrito no evangelho.

A partir essencialmente.

Da quarta manipulação.

Perdi definitivamente a fé.

Hoje sou ateu com convicção epistemológica.

O Aristóteles que serviu de fundamento.

Para as condenações.

Da Santa Inquisição.

Foi aquele replatonizado por Averróis.

Reutilizado por Aristóteles.

Como doutrina do cristianismo.

Quando sua finalidade era servir.

A doutrina islâmica.

Elaborada por Averróis.

Sem nenhuma relação.

Como o verdadeiro Aristóteles.

Pelo menos em parte.

Entretanto, tanto Giordano Bruno.

Que foi queimado pelo Vaticano.

Como Galileu que teve que retratar.

Desconheciam esta história.

Descrita no meu poema.

A própria Inquisição.

Desconhecia esses fatos.

Reais e epistemológicos.

Em benefício da reconstituição da história.

O conceito da alma foi apenas uma ilusão.

Inventado pela cultura de diversos povos.

Indo europeu.

Uma fantasia Geoastrofísica.

Como o reflexo nas moléculas da água.

Os sinais da própria sombra.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 12/02/2014
Reeditado em 16/02/2014
Código do texto: T4687654
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