Medos Meus
Certa feita, perguntaram-me
Do que eu tinha medo?
Sem meias palavras respondi;
Meu medo... Não é de perder a poesia,
Mas não fazer parte de cada verso escrito,
De cada palavra sutilmente descrevendo
O que sinto no instante que folha se apresenta
Em branco, sem pautas, em silêncio!
Medo não é a falta de coragem,
Mas recusa de não se lutar pelo sonho sonhado
Seja ele grande ou pequeno,
De coração ou de alma!
Meu medo... É de não desenhar o amor
Nas suas formas mais sublimes,
De entalhar em detalhes o beijo na dama de copas,
O abraço do valete de espada, espalhando pelo ar
O momento do sussurro prosaico, da solidão
Somente em avessos!
Valentia... É encarar cada pedra do caminho
Como um rio descendo da nascente,
Abrindo novos veios diante da ilusão!
Meu medo maior,
É de não escrever o que para mim é verdade,
Assim como luar que não posso tocar,
Pois eu posso torná-lo exclamação, candura,
Música que vem do âmago, da deusa musa,
Sentimentos que latejam pelas letras!
Não tenho medo de morrer,
Meu medo é da minha escrita
Vir a falecer!
05/02/2014
Porto Alegre - RS