A Têmpera Divina
Que importa a emulação de nossa inveja,
Que trina alto buscando brinquedo alheio;
A vida vem silente e nos dá de bandeja,
Outro lado da moeda, que achamos feio...
Que vale o pleito sôfrego da carência,
Quando o nosso eu, lactante pede colo;
A vida ignora de novo tal impertinência,
E nos deixa na lona, o melhor, no solo...
Quanto conta nosso layout romântico,
Quando o sonho rabisca a lo largo,
Mas ao acabar não sai nada idêntico,
E a arte final retrata o fado amargo...
Que vale a excitação da circunstância,
Quando tudo parece dizer: agora vai;
erra o pulso, pois, em última instância,
que determina quando e como, é o Pai...
Importa que nossa têmpera enfim, vença,
Todo egoísmo, e toda a rota que entorta;
Aí, quando estamos maduros pra bênção,
Ela mesmo nos busca, bate à nossa porta...