O berrante
Quando as palavras organizam a fila,
E decidem servis formar ordem unida;
ramos poéticos exibem farta clorofila,
inspiração bate o bumbo verso desfila,
a múmia parte o sarcófago volta à vida,
a brisa criativa finalmente sibila...
mas se ousam a desordem qual um rolê,
guerra ao belo sob auspícios de Marte;
a moda tropeça no esquisito demodê,
dizendo o aedo, tudo, ainda falta um quê,
quebra-cabeça é mais paciência que arte,
e mediocridade começa a sua turnê...
agora pastam quais búfalos no prado,
sem ordem nem alvoroço, só calmaria;
até enche os olhos ver a beleza do gado,
mas, se há uma queixa a fazer ante o fado,
essa não pode ser feita assim, à revelia,
preciso pegar alguns bichos emprestados...
Podem dormir as que deviam ser despertas;
pois, são bem vastas as chances de erro,
Além do mal entendido estar sempre alerta,
Não é no que se atira que, às vezes acerta,
Ah se houvesse um berrante cujo berro,
Assanhasse somente as palavras certas...