Reflexos.

Quantas vidas? Sou um velho.

Todos os dias que me vesti

Continuamente ao espelho,

Nunca me vi nem refleti.

Por tanto ser, sou só capuz.

De muito querer, falta-me luz.

O que vive não é o que sê,

Quem é não é o quem vê!

O que sou é ao que venho,

fico-me neste que não sou eu...

Por cada um fiz um desenho

De outros nus... não do meu.

Sou uma imprópria personagem;

Decalque de qualquer imagem,

Perversa, débil, lástima e só,

Que aparenta mais do que ser pó.

Por tal registo, vou mudando

Para aparecer na minha história.

O que se segue e não provando,

Dos vários que fui e da memória,

Muito para lá do que aqui sei

Do que perdi e encontrei,

Revejo: "O que de mim morreu?"

Mas em quem vivo, não sou eu...

Carlos de Carvalho ^ Pink
Enviado por Carlos de Carvalho ^ Pink em 27/01/2014
Reeditado em 03/04/2015
Código do texto: T4666367
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