Tronos de plástico
Quem foi que inverteu essa zorra,
Será a estética refém de um dono?
Por que a arte agoniza na masmorra,
Simulacros levam o cetro e o trono?
Estaremos indo de rodo pro beleléu,
Será esse o preço do tempo moderno?
Como se a gente pagasse tributo ao céu,
Em troca de parcos recibos do inferno...
Não que eu seja um mau perdedor,
Mas bem que o fado poderia ter dó;
Enviamos Chico, Wilde, Renato, Millôr,
E recebemos Anitta, Naldo, Tati, Teló...
Recuso bater minha bola em tal meta,
Aos bois o nome, til é til, jota é jota;
Até o Bial que outrora fora um poeta,
Virou boçal cafetão, aliciador de idiotas...
Os números aferem, essa é a nova lei,
Mesmo que o belo siga morrendo de sede;
A masmorra é lúgubre, úmida, bem sei,
Mas,as almas livres extrapolam paredes...