POEMA INÚTIL
Para que repetir o que foi dito!
Se não por mim, por outro.
Não faz sentido aprisionar
Sentimentos em palavras
Que mal se sustentam na carne
Dissolvem-se e somem
Entre dores e felicidades
Distorcidos em resquícios
De frágeis e inconformadas memórias
Que corrói o cérebro
E ficam empoeiradas em papéis
Sem serventia nenhuma
Desperdício literário...
É sempre mais prudente
Não falar do que se sente
Já que é inteiramente intransferível.
Como ensinar o que não se aprende!
Transitório, indomável, indurável.
Para que aprisionar nas palavras
O que é impreservável em vida
Que extinguir-se em morte?