PASSEIO...

PASSEIO...

Aquele lugar era um quadrilátero.

O meu andar era trôpego como de um etílico descendo um beco escuro.

As pessoas sonham com o bem.

Contudo, estão presas em cantos de cimento de concreto e pedra.

Meus pés calçados de nudez e carne trêmula,

Não se cansam de caminhar na mesma longitude e latitude.

Desgastam-se sem consolo pela força de suas licitudes.

As solas de meus sapatos se desgrudam do mesmo como a manteiga derretida pelo sol.

Preciso de ti; não sei quem és; a espera, o silêncio, o desconfiar é minha atitude.

Ou quem sabe, preciso eu de uma mula que me suporte o peso da solidão.

Os homens buscam companhia.

Uma voz que lhes quebre o silêncio da impessoalidade urbana.

O passeio na praça à tarde é rotina;

E esta em meu estômago é suco gástrico e azia.

As cidades têm suas praças.

Seus homens; seus passos.

Eu mesmo não disfarço.

Grito sobre seus bancos minhas desgraças:

“Essa é a sorte dos filhos de Adão!”

Meu amigo onde está tua mão?

O mundo tem mais pessoas e menos gente.

Tem mais passeios que corações contentes.

Suas faces se escondem em máscaras;

Máscaras que caminham até o poente.

No fim do dia, o passeio acaba...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 22/01/2014
Código do texto: T4660359
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