PASSEIO...
PASSEIO...
Aquele lugar era um quadrilátero.
O meu andar era trôpego como de um etílico descendo um beco escuro.
As pessoas sonham com o bem.
Contudo, estão presas em cantos de cimento de concreto e pedra.
Meus pés calçados de nudez e carne trêmula,
Não se cansam de caminhar na mesma longitude e latitude.
Desgastam-se sem consolo pela força de suas licitudes.
As solas de meus sapatos se desgrudam do mesmo como a manteiga derretida pelo sol.
Preciso de ti; não sei quem és; a espera, o silêncio, o desconfiar é minha atitude.
Ou quem sabe, preciso eu de uma mula que me suporte o peso da solidão.
Os homens buscam companhia.
Uma voz que lhes quebre o silêncio da impessoalidade urbana.
O passeio na praça à tarde é rotina;
E esta em meu estômago é suco gástrico e azia.
As cidades têm suas praças.
Seus homens; seus passos.
Eu mesmo não disfarço.
Grito sobre seus bancos minhas desgraças:
“Essa é a sorte dos filhos de Adão!”
Meu amigo onde está tua mão?
O mundo tem mais pessoas e menos gente.
Tem mais passeios que corações contentes.
Suas faces se escondem em máscaras;
Máscaras que caminham até o poente.
No fim do dia, o passeio acaba...