Tortura
Caminho às margens turvas de um rio do Prata
Levando comigo pensamentos e meus pecados...
Posso eu perdoar-me a mim mesmo?
Dúvida atroz deixa-me preso, acorrentado
Por miasmas que me assaltam a sensatez da lógica
E, num pranto empedernido, desafio mazelas que me torturam...
Olho nas águas escuras a correnteza que vagueia
Carregando o lixo das ilusões em direção ao mar
Onde desemboca imperfeições que me fazem chorar
As derradeiras lágrimas que me improvisam e me cerceiam...
Sento-me no alto de uma pedra... O rio parece infinito!
As horas perambulam vazias e eu ali, solitário
Assistindo ao desfecho crônico de mais um dia
E uma pergunta sem resposta entravada na mente...
Posso eu mesmo perdoar-me? De repente, chuva... estou livre!