Tortura

Caminho às margens turvas de um rio do Prata

Levando comigo pensamentos e meus pecados...

Posso eu perdoar-me a mim mesmo?

Dúvida atroz deixa-me preso, acorrentado

Por miasmas que me assaltam a sensatez da lógica

E, num pranto empedernido, desafio mazelas que me torturam...

Olho nas águas escuras a correnteza que vagueia

Carregando o lixo das ilusões em direção ao mar

Onde desemboca imperfeições que me fazem chorar

As derradeiras lágrimas que me improvisam e me cerceiam...

Sento-me no alto de uma pedra... O rio parece infinito!

As horas perambulam vazias e eu ali, solitário

Assistindo ao desfecho crônico de mais um dia

E uma pergunta sem resposta entravada na mente...

Posso eu mesmo perdoar-me? De repente, chuva... estou livre!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 20/01/2014
Código do texto: T4656676
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