Equaliza, dor

joguei o mal-me-quer co’a rosa dos ventos,

Para ver se me apontaria a vindoura sorte;

Mas, renunciei a esse brinquedo azarento,

Pois, já na primeira pétala acabei sem norte...

O mar da vida se nos oferece sem bússola,

Se há, a vontade rebelde ignora o aponte;

Cada coração rabisca sua própria epístola,

Diretrizes, apenas os descaminhos de ontem...

O diabo é que, mal, me quer, o desgraçado,

E contra meu querer, quase sempre me tem;

Como joguete com qual muito tem brincado,

Embora tenha levado alguns trancos do bem...

Assim sigo resignado nesse equilíbrio louco,

Onde outros sensatos se equilibram também;

Rico deveras, a ponto de precisar bem pouco,

Pobre o necessário pra não desprezar ninguém...