Inveja dos loucos
Equação que desafia minha matemática
e esfria o verão dessa tarde subtrópica;
A vasta gama de possibilidades utópicas,
Contra o rigor preciso da solidão prática...
Esse choque de anseios, devaneios, medos,
Naufraga a esperança que ainda espero,
Colidem as proporções entre anéis e dedos,
No escuro, tento um chute; X é igual a zero...
O bom siso guardião, tem hora que é um toco,
Não deixa rir junto ao destino, dessa pilhéria;
Sisudo vejo assomar certa inveja dos loucos,
Que espocam fogos celebrando à miséria...
Loucura é guaipeca, pedigree um mosaico,
Sensatez é dobermann guardando ao só;
Não fica bem o clérigo encenar que é laico,
Antes, deve ser solene como trono de Faraó...
Alguma loucura inocente o fado há de guardar,
Melhor, não atribuo ao Fado, antes, ao Pai;
Sem mais nem menos, Moisés vai voltar,
Ramessés o tirano, verá que a casa cai...