Ontem
Ontem, o sonho viril e nobre de valentes homens a empunharem suas espadas e lanças ;
A vencer ilusórias batalhas de conquistas e glórias .
Ardente sangue à ferver as veias e dominar miseráveis seres , na busca louca e alucinada de dominar o mundo , de vencer o tempo.
Hoje , farrapo insano e vil a derramar suas lágrimas sobre miseráveis joias e ouro e prata , que nada mais lhe oferece que o falso brilho do poder que não detêm.
Príncipes emplumado a rasgar o infinito céu da luxuria e os ares , cortando o celeste azul e os mares ,a render-lhes oferendas e agrados que julgavas lhe ser eterno , infinito adorno à teus pés de reluzentes passos.
Hoje , não mais que demente ser a blasfemar injúrias ao tempo que lhe consumiu as forças , foram-se as noites fartas luzes e o brilho dos olhos acinzentaram-se.
Enfim compreendeste que és filho da terra e do estrelado céu e que o tempo é um todo contínuo único , a velar-te as horas que não controlas , e que ao pó retornarás como pródigo filho obediente.
Perceberas então que nem o brilho de teu ouro serás capaz de conter a escuridão a que escravizaste tua alma nem a cegueira que lhe cobriste os olhos.
Sagaz foste a seu tempo a teus olhos e julgaste de amplitude maior a que o tempo lhe reservou.
Descobriras então que o tempo, o mesmo que desprezaste lhe seguia de perto , a vigiar-te os passos que agora , vagarosos e lentos arrastam tua existência atados a pesarosos pensamentos finais. Mas ainda assim lhe será por generoso , a resgatar-te em suaves lembranças em que julgavas possuir mais que tudo que lhe era permitido.
Verás afinal que esse mesmo precioso tempo lhe esvaiu , que de neve coloriu-te e que teu corpo , antes valente e vil em um nada retrocede , lentamente de volta ao lar.
Fruto da terra e do estrelado céu , enfim compreenderas tua missão e aceitaras afinal a derrota ao tempo , teu algoz senhor.