DEPRESSÃO
"Por que é concedida luz ao desgraçado, e
vida aos que estão em amargura de ânimo?
Aos que anseiam pela morte que não vem
e a procuram mais que um tesouro perdido,
que ficam transportados de alegria quando
chegam ao sepulcro?" (Jó 3. 20-22).
DEPRESSÃO
Estar sob o efeito de uma séria Depressão
É mais corriqueiro do que se imagina
Indisposição, ansiedade, além de falta de energia
Lembretes desagradáveis dessa cólera em progressão.
Em emoções difíceis de descrever, eu me perco!
Um penar avassalador, entorpecimento, inércia e apatia
Um estado estranho de sonolência, a maior parte do dia
São sinais de uma Depressão que fecha o cerco.
Estou deprimido, totalmente absorto no meu sofrimento
É uma vontade incontrolável de assinar meu testamento
Que doença é essa que se aproxima sorrateira
Decerto não irei me recuperar de nenhuma maneira.
Eis-me aqui padecendo de uma moléstia irreal
Uma sensação de abatimento de maneira inoportuna
Vou rastejando pro buraco numa tristeza irracional
Ladeado pela ansiedade e uma reflexão taciturna.
Vejo minha auto-estima em franca descida pela ladeira
Perdi o prazer e o interesse em todas as atividades
Viajar novamente de avião, apavora-me, sobremaneira
Como é difícil determinar tais crises de identidade.
Mal consigo me mexer e tenho crises de choro
Sensação de desamparo e de completo desânimo
Dentro de casa só fico deitado, quase comatoso
Longe de casa tenho pavor de ter crises de pânico.
É impossível dormir sem tomar algum remédio
Acordo de madrugada e não consigo aplacar o tédio
Levanto pela manhã com um enorme desalento
E no fim da tarde e difícil manter o olhar atento.
Uma incapacidade de me concentrar e de tomar decisões
Alterações de sono, cansaço constante, vazio e ausência
"Buraco negro" é um termo que uso com muita frequência
Até me disseram que posso ter delírios e alucinações.
Sinto-me numa diminuta prisão no alto de um penhasco
Onde a desgraça me trancafia sob a peja de louco
Eis a minha senda, apavorante, sinistra, um fiasco!
Onde a cada sono torturante eu morro um pouco.
Em vão procurei alívio na minh'alma descrente
Meu estado de espírito é a constante aflição
Sei que minhas palavras são incoerentes
Onde no desejo da morte, procuro a libertação.
Na antiguidade, a Depressão era chamada "Melancolia"
Onde Galeno e Aristóteles divergiam em pensamentos,
Para o primeiro, era um mal a ser extraído por sangria
Pro segundo, um bem que promovia criatividade e talento.
Firmam-se as idéias de Aristóteles no Renascimento
A Melancolia era a condição invejável dos artistas
Surge Hamlet, antissociável e com ensimesmamento
Personagem de trajes negros e intenções suicidas.
Atualmente, tal "injúria" tem uma avaliação confidencial
A vergonha é mais comum pra quem sofre desse tormento
Os que assumem, coragem e ousadia são os julgamentos
Pra outrem, frescura e fraqueza, rótulos de estigma social.
A estigmatização da depressão é dolorosa e aviltante
Corrói a alma, essa doença misteriosa e alienante
Mantê-la em segredo guardado a sete chaves é difícil
E, algumas vezes é revelada com bilhete de suicídio.
É muito importante o auxílio de um profissional
Pressinto que estou perdendo a razão, ficando louco
Diazepan e Prozac, às vezes, ajudam um pouco
Prefiro atividades cognitivas do Terapeuta Ocupacional.
AUTOR: AUTISTA
A SEGUIR:
Trechos de uma carta escrita por Edgar Allan Poe - nasceu - 1809 e morreu - 1849. Foi um autor, poeta, editor e crítico literário americano, fez parte do movimento romântico americano. Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, foi um dos primeiros escritores americanos de contos e considerado o inventor do gênero ficção policial, também recebendo crédito em contribuição ao emergente gênero de ficção científica. Foi o primeiro escritor americano conhecido
a tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira financeiramente difícil. Em 1845 publicou seu poema The Raven (O Corvo), foi um sucesso instantâneo. A causa de sua morte é desconhecida, dentre elas Álcool e suicídio). (Fonte: Wikipédia)
"Meus pensamentos neste instante são de
fato lamentáveis. Sofro acabrunhado por
uma Depressão do espírito como nunca
tive antes (...) Estou aflito, e não sei por
quê. Console-me, pois isso você pode
fazer. Mas que seja rápido ou será tarde
demais (...) ai, tenha pena de mim! (...)
mas hei de me recuperar..."
(Edgar Allan
Poe, aos vinte e poucos anos de idade).