Criações

Criar, inventar, imaginar, recriar, remodelar, copiar, imitar...

Estamos sempre criando ou recriando as coisas ao nosso redor

Seja por necessidade ou apenas mais uma maneira de distração

Parecemos sempre insatisfeitos com o que temos ao nosso dispor.

Pintamos as paredes a cada ano só pra acreditarmos que estamos de ano novo

Ano novo de roupa nova, sapato novo, parede nova, carro novo de novo

E remodelamos as tradições de nossos pais porque não conseguimos desapegar,

Mas já não servem como estão é preciso acrescentar algo mais caprichoso.

E inventamos mais tranqueiras sem utilidades e com prazo curto de validade

Tão curto quanto os dias que parecem passar cada vez mais rápido

E consumimos mais, estamos mais vorazes e insaciáveis que nunca

Mas e o tempo que consumimos enquanto tentamos cada vez mais otimizá-lo?

Imaginamos um mundo que muito difere do que vivemos

Pois somos incapazes de suportar a realidade a que nos expomos

Por isso nos ilhamos em mundos paralelos e nos frustramos

Ao nos deparar com a imagem pútrida do que realmente somos.

Recriamos as nossas histórias da maneira que melhor nos apetecer

Que importa o quanto delas é verdade, afinal o que é verdade?

Estamos sempre tentando imitar quem tem o melhor nome, o modelo

E por esse se entende o mais rico, mesmo que seja pobre de caráter.

Quando já não conseguimos inventar ou remodelar histórias

Fazemos o que é mais fácil e comum copiamos descaradamente

Copiamos roupas, cabelos, sapatos, olhares, sorrisos, a vida dos outros

Porque nunca nada está bom o suficiente, por isso copiamos desvairadamente.

E então vivemos assim e quando achamos que fomos longe de mais

Criamos personagens para vivê-los por um tempo descompromissadamente

E mudamos algumas coisas externamente e nos enjaulamos no nosso interior

Viramos mocinhas típicas de novelas mexicanas e vivemos dramaticamente

Não importa o quanto isso nos deixe infeliz vivemos nossa invenção

Mas isso também nos cansa e nossas jaulas se rompem inesperadamente

Começa o duelo insano pela existência entre criatura e criador

Cada um apresenta a arma que conseguiu inventar e lutamos desesperadamente

Nós, os criadores vencemos, porque ainda há muitas criaturas e coisas para inventarmos

Mas por um tempo cansamos e deixamo-nos cair no mundo ignóbil de copiar

Imitamos o que podemos para sermos um dia, não paga sonhar, o sujeito modelo

Até que aparece um novo amor e viramos novamente criador disposto a criar.

Patricia Teixeira
Enviado por Patricia Teixeira em 15/12/2013
Código do texto: T4613404
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