A Leveza do Tempo.

A leveza do tempo.

Lentamente.

Contemplativamente.

Tudo se transforma em tempo.

Até mesmo a escuridão do silêncio.

O tempo mimeticamente.

Muda sua própria perspectiva.

Significa que o tempo.

Não existe.

Aufhebung em alemão.

Para Hegel.

A constante mudança.

O que existe é a epistemologia.

Do seu esquecimento.

O tempo é etimologicamente.

O mais profundo esquecimento.

Esqueci-se tudo até mesmo o silêncio.

O tempo transforma-se em tempo.

Transformado esquece-se.

O que foi mudado.

Mudando novamente.

Consecutivamente.

Toda bela história é um instante passado.

Do mesmo modo uma triste descrição.

Então o tempo é o presente.

Porque o tempo efetiva-se.

Exatamente no momento que passa.

A grande pergunta peremptória.

Então o tempo é o momento passando.

Não sou muito bom em definição.

Mas parece ser exatamente.

A acepção.

Axiologicamente.

O tempo é o encantamento

Daquele momento.

Ou contrariamente o seu passado.

Então o tempo é ódio ou o amor.

A transformação do ódio.

Ou o término do amor.

Ou o recomeço de ambas as dialéticas.

O tempo diminui a dor ou aumenta.

Termina com a alegria.

Ou proporciona a felicidade.

Tudo muda.

Mas o tempo é exatamente o presente.

Tudo que parece ser essencialmente.

Profundo.

Com o tempo tudo fica leve superficial.

Porque a natureza de todas as coisas.

E a mutabilidade.

Refiro ao aspecto da essência.

Tudo vai eternamente se repetindo.

Para o seu esquecimento.

Como se o fenômeno fosse obviamente.

Diferente.

Indeterminadamente.

Imperceptivelmente.

O que faz ser exatamente o tempo.

Em sua lentidão construtiva.

Elabora-se o presente fazendo-se.

Do próprio momento.

Naturalmente a sua memória.

O instante é a memória precípua.

Do seu passado instantâneo.

Mas o tempo a priori.

De certa forma ele não existe.

Porque o tempo não significa nada.

Sabe mesmo o que é o tempo?

Apenas a recordação do nada.

A idade do nada.

Do insignificado de cada coisa.

A eternidade da sua não significação.

Refeita permanentemente na memória.

Refazendo a dialética do nada.

No entanto, a eternidade existe.

Que são os instantes de um olhar.

Indeterminado fixamente como silêncio.

Tentando recordar a linguagem.

Não pronunciada naquele momento.

Essa tentativa é exuberantemente.

Eterna.

Bela

Fascina o coração humano.

Os instantes que determinam.

A nova linguagem.

Não pronunciada metaforicamente.

O sorriso das palavras que não saíram.

Dos seus lábios.

E a luz dos olhos que encantaram.

A sensibilidade de um instante.

Melancólico.

Parado como se fosse.

A última epistemologizaçao do saber.

Então tudo isso se transformou.

Em eternidade.

Na vossa memória.

Na sabedoria da sua existência.

A felicidade caminhou até ao fim.

Do mesmo modo.

A eternidade do seu tempo.

Os derradeiros instantes de um belo olhar.

Indescritivelmente sabido.

A luz presa à face do seu rosto.

Foi a vossa eternidade perto do fim.

A memória dela.

A sua eterna repetição.

No seu silêncio indeterminado.

A cada instante transformado.

Como se a eternidade fosse.

Aquele momento vivido.

Sendo de certo modo eterno.

Obs:

Esse poema foi escrito na cidade de Itapagipe, Minas Gerais.

Em uma tarde numa praça, local em que fica Igreja Matriz, só agora foi publicado.

Edjar Dias de Vasconcelos.