E aí, Romeu: Comeu?
Vou fazer um “shakes pira”
Pra você beber. Não quer? Azar...
Respira e pira nesse ar que eu lhe dei.
Transpira na labuta bruta para
Comer pão seco, nos becos,
E a cachaça com toda a sua graça;
Nos podres e dissolutos botecos.
Vai beber da água, da mágoa seca,
Ou da fome canina e cruel? Manoel...
A cotovia vai cantar no seu buraco.
Para as suas mulheres, anáguas;
Línguas e lábios febris;
Plumas e paetês. Serpentinas,
Ah! E os carnavais onde a carne vai...
Para o seu governo, insensatez;
Angústia de fim de mês.
E a sua segurança será pra segurar
Os que seguram a onda e ficam vivos.
Ficam aí contando esses segundos
Eternos, imundos, tediosos,
Infinitos e peidando esperanças.
Essas suas horas ridículas sem fim...
Vai se perder na beirada do universo,
Onde começa o meu, ao inverso.
Quando comecei seu tempinho merda,
Seu vento, seu relento, seu espaço,
Você não tinha nada, nem carcaça...
Onde vai colocar toda essa inteligência?
Fazer o que com essa ciência?
Você comeu toba com sobra, Romeu?
Ou deu o que era o seu?
Hi, Romeu... Fodeu, não envelheceu;
Você é uma piada mal contada.
Vai ficar em companhia dos
Meus vermes cruéis e peçonhentos.
Quero Jogar sua carne fétida e podre
Com você ainda em vida;
Lá no fim onde termina o espaço;
Só assim não terás onde cair morto.
O espaço não tem fim, mula de galocha,
Tão fraca que, quando aperta afrouxa.
Vou fazer um universo
Perfeito, bem do lado do seu, Romeu.
Deixar viva a sua Julieta careta
Para servir de comida aos viajantes
Do espaço; e para você, um abraço.
Curta sereno esse seu veneno.
Cacá.