ULTRASOM DA VIDA

Nas insônias mais frementes

ardendo em tórrida febre,

surge do caos o hiato vivo

que fundido ao sangue ferve.

E no ventre de materno colo

águas cobrem o ser informe;

já dispostos em nua mente

todos os pensamentos enfeixados.

Coração batendo no peito

à porta de tão sublime vida,

fazendo surgir inóspitos anseios

na imagem humana refletidos...

No materno berço da origem

de um ser tão frágil ali deitado;

surge um sorriso débil, sobre

dentes tão brancos espelhados.

Os sonhos sob estelífero sólio

defletidos na infância cobrem,

enganosos e intangíveis caminhos

àqueles que da vida ao palco sobem.

Sob a pele, ardentes paixões reprimidas

correm como se fora um sutil fogo;

um frio suor se apodera e descobre

na névoa escura, a alma adormecida...

A vida explode em ritmos e movimentos

num universo harmonicamente perfeito;

a vida flui como notas de uma sinfonia

e como a terra gira: rotação, translação...

Gira em ciclos, retornando ao seu fluxo

e a mesma pele frágil, ao secar do corpo

embranquece os cabelos dantes pretos

tornando os joelhos ainda mais frouxos.

No fim, o que ainda resta de concreto:

as mãos cheias de rugas, os pés-de-galinha

uma dor horrível nas costas

e o sorriso, de quem já está completo!

NivaldoRibeiro
Enviado por NivaldoRibeiro em 12/12/2013
Reeditado em 02/05/2014
Código do texto: T4609236
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