ULTRASOM DA VIDA
Nas insônias mais frementes
ardendo em tórrida febre,
surge do caos o hiato vivo
que fundido ao sangue ferve.
E no ventre de materno colo
águas cobrem o ser informe;
já dispostos em nua mente
todos os pensamentos enfeixados.
Coração batendo no peito
à porta de tão sublime vida,
fazendo surgir inóspitos anseios
na imagem humana refletidos...
No materno berço da origem
de um ser tão frágil ali deitado;
surge um sorriso débil, sobre
dentes tão brancos espelhados.
Os sonhos sob estelífero sólio
defletidos na infância cobrem,
enganosos e intangíveis caminhos
àqueles que da vida ao palco sobem.
Sob a pele, ardentes paixões reprimidas
correm como se fora um sutil fogo;
um frio suor se apodera e descobre
na névoa escura, a alma adormecida...
A vida explode em ritmos e movimentos
num universo harmonicamente perfeito;
a vida flui como notas de uma sinfonia
e como a terra gira: rotação, translação...
Gira em ciclos, retornando ao seu fluxo
e a mesma pele frágil, ao secar do corpo
embranquece os cabelos dantes pretos
tornando os joelhos ainda mais frouxos.
No fim, o que ainda resta de concreto:
as mãos cheias de rugas, os pés-de-galinha
uma dor horrível nas costas
e o sorriso, de quem já está completo!