Noite no Centro da Cidade
Noite. Nas ruas. No centro. Na cidade.
As avenidas se cobrem de chuva.
Carros e ônibus passam pelas águas.
Levam pessoas. Cansadas. Famintas.
Nessa hora não há quem minta;
O cansaço nos olhos mostra a verdade.
A noite é quente. Os corações frios.
Pouco a pouco acendem - se as luzes.
Não há aqui espaço pra canteiros.
O concreto é o fim dos pinheiros.
Das palmeiras. As paineiras e urzes.
Os dramas já não naturais são.
Os medos e as dores são como
os neons e faróis.
Os temores se enrolam qual caracóis
num mundo que não é mais são.
E as ruas são nosso espaço,
o lugar onde marcamos os passos.
E as casas e prédios e construções
parecem de longe nossas prisões...
A segurança vem dos cárceres.
A liberdade traz insegurança.
Os corajosos vão virando mártires
num mundo onde somos crianças...