Noite no Centro da Cidade

Noite. Nas ruas. No centro. Na cidade.

As avenidas se cobrem de chuva.

Carros e ônibus passam pelas águas.

Levam pessoas. Cansadas. Famintas.

Nessa hora não há quem minta;

O cansaço nos olhos mostra a verdade.

A noite é quente. Os corações frios.

Pouco a pouco acendem - se as luzes.

Não há aqui espaço pra canteiros.

O concreto é o fim dos pinheiros.

Das palmeiras. As paineiras e urzes.

Os dramas já não naturais são.

Os medos e as dores são como

os neons e faróis.

Os temores se enrolam qual caracóis

num mundo que não é mais são.

E as ruas são nosso espaço,

o lugar onde marcamos os passos.

E as casas e prédios e construções

parecem de longe nossas prisões...

A segurança vem dos cárceres.

A liberdade traz insegurança.

Os corajosos vão virando mártires

num mundo onde somos crianças...

Ronaldo Thomé
Enviado por Ronaldo Thomé em 11/12/2013
Código do texto: T4607346
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