ÚLTIMO DESEJO
Sei que vou morrer de alguma coisa.
Já tive medo de morrer pelo cigarro,
e pela dose a mais de um trago
às vezes tive medo de morrer.
De amor pensei finar-me muitas vezes,
mas renasci de mil mortes prazenteiras.
Alguma coisa, eu sei, há de matar-me.
Que não seja o medo, a angústia, a dor!
Seja, no meu peito, suave a mão da morte,
como eu sonho, num mágico transporte.
E que uma mão amiga me conduza pelo vale
onde as sombras sejam companheiras.
Ah! Seja o último momento como aurora
colorido, vívido, enfeitada de sol e madrugada!
E o último suspiro seja hino, canto e glória,
e a paz refrão de tempo eterno e de alegria
em que meus versos permaneçam como preces
eternizando a minha vida a cada dia!