MORTAL
Todo dia ela tira, tirana e laboriosamente de mim, fragmentos do viço da vida.
Dia após dia ela me vai consumindo, me devorando vivo, lentamente.
Vai soprando ao vento das horas, partículas microscópicas do que sou;
E me sussurra aos ouvidos, triunfantemente o que já fui.
Seus tentáculos me espremem me comprimem os pulmões, me sufocam, dificultam a respiração.
Ela me dissolve compassadamente o vigor e a virilidade.
Debilita-me sistematicamente. Mortal
Ela invade meu interior e compromete meus órgãos vitais.
Me cega, me cala me fala do fim.
Ela nutre por mim um desejo mortal.
Não tolera minha vitalidade,
Não suporta minha felicidade
Não comporta tanta austeridade.
A vida lhe é um insulto
Porque é bela apesar de breve
Porque é linda, leve.
Seu oposto e rival.