INSONIA SEM TRAVESSEIROS

A insônia era tanta como um beduíno sedento

Atravessando o escaldante deserto

Sem saber ao certo aonde chegarão suas pegadas fundas

Que diante da poeira densa

Sumiram sem deixar rastros passarem por perto

Como astros perdidos no céu de antros horrores

Mesmo sem ter havido murcham as flores no outono

Houvera o ávido pesadelo do tempo perdido de cores

De ter ouvido a fera do dia lhe rondando o sono

Do qual acordara em susto a estrela nua no céu descortinada

Vivendo numa sinuosa linha paralela

A insônia é brinquedo roubado qual o ventre frio da amada

É gosto que ancila triste e sem caminho caindo na gamela

É lua minguante sem céu ocupada e sem ninho

Vela de remela é essa eterna madrugada da qual sou assíduo freguês

Sem fronha sem edredom só os olhos fundos a nos olhar por dentro

Fustigados e secos nos engolem com várias poções e talagadas

Desfiando-nos num tear de pura seda rasgada no templo da palidez...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 05/12/2013
Código do texto: T4599328
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.