INSONIA SEM TRAVESSEIROS
A insônia era tanta como um beduíno sedento
Atravessando o escaldante deserto
Sem saber ao certo aonde chegarão suas pegadas fundas
Que diante da poeira densa
Sumiram sem deixar rastros passarem por perto
Como astros perdidos no céu de antros horrores
Mesmo sem ter havido murcham as flores no outono
Houvera o ávido pesadelo do tempo perdido de cores
De ter ouvido a fera do dia lhe rondando o sono
Do qual acordara em susto a estrela nua no céu descortinada
Vivendo numa sinuosa linha paralela
A insônia é brinquedo roubado qual o ventre frio da amada
É gosto que ancila triste e sem caminho caindo na gamela
É lua minguante sem céu ocupada e sem ninho
Vela de remela é essa eterna madrugada da qual sou assíduo freguês
Sem fronha sem edredom só os olhos fundos a nos olhar por dentro
Fustigados e secos nos engolem com várias poções e talagadas
Desfiando-nos num tear de pura seda rasgada no templo da palidez...