O olhar do outro me fere
ele não me conhece a fundo
superficialmente, me agride
parece que me comanda
porém, não me engana.
O olhar do outro
me causa nojo
asco de tudo
e de todos...
porém,
não.
sou ogro
nem bobo
me finjo
de morta
pareço porta
sem chave
ou taramela.
Me diz
quem é ela...
ou dela!
quando olho
do outro lado
da janela
olhar
de fel
sem céu
nem trigo...
estribo apertado
que debulho
de olho
no chão
dos
enfraquecidos.
Me diz
que é ela...
que sela!
aperta, encurta,
o caminho...
mesmo de olhos
vendados...
se enfeita
ajeita
mesquinho.
Escuro olhar
em minha direção:
dilacera, agride
e corta o coração
capricho
não.
parece ser
se ao menos
enxergasse
o que há
pra se ver...
Além dos meus
olhos molhados
marejados
de tristeza,
ao receber
essa dor
desazada
que só
faz doer...
dói dói
e vai passar
um dia, talvez!