O grito
Excesso,
Exagero,
Excreção...
O que seria da vida se não fosse o vômito, o transbordar-se em sons, palavras, passos e marcas?
Calma, me pedem. Acabo por aceitar e pedir também... Segundos depois sinto os cabelos sendo arrancados fio a fio, pelo nervoso. As mãos tremulas a convulsão de pensamentos, sentimentos e imagens, que chegam de todos os cantos.
Calma.
Quem sou eu diante do tempo, das rugas e dos olhos abismos?
Quem sou diante do vazio e a da possibilidade de um todo?
Talvez transito, espera ou fuga.
Casa de madeira e barro, mulher de carne-osso-barro, mãe-terra, vó - lama, eu-porca, eu-bicho vagando entre os corpos frios que se assustam diante dos gritos, fungadas e toques, pessoas-outro-outras-desconhecidos em meio a um novo mar de possibilidades de nadas e todos, eu-bicho mergulho, me pinto de eu, de outros, de mães e vós e medos e tudo e nadas e es. Eu-menina que rodo, brinco, pulo e procuro, pergunto e grito, rasgo tempo e espaço, pessoas e eus... E por um segundo, a pausa, o choro, a dor, o grito e o chão que puxa.
E mais uma vez, calma.