É por quilo? Quanto vale?

Desde os primórdios de nossa história,

Somos mercadorias a pronta entrega

Temos as nossas próprias tabelas

Direitos? Só as mazelas

Quando não, as migalhas

E quando tentamos uma reaça

Pronto! Inicia-se a caçada

Assim vai virando aquela arruaça.

A cor da pele é ameaça

Quando não, é explorada

Gritam-se nas nossas praças

Alugo umas manadas

Por apenas trintas pratas

E seguem-se as negociatas

Eu pago vinte na lata

Feito, pode levar pra casa

Casa?! Não, vão pra senzala

Não quero cães na minha sala

Então vamos fazer a papelada

Pra que? Sou homem de palavra

Eu sei, mas é só por segurança

O acordo assim ganha pagina

Com algumas poucas clausulas

E a pena na tinta é molhada

E de comum acordo os nomes se deixa

No final da ultima inocente pagina

Que perante as leis são reconhecidas

Que por pura contraditória ironia

A vida na cor da pele é desconhecida

Poucos se importam com a dor e a agonia

Daqueles que nas suas origens foram disputas

Entregando a morte forçado em terras estranhas

Por apenas um misério prato de comida e água

Limpa? Não, na cabaça é mesmo salobra

Produzindo riqueza para a corte e seu monarca

Que viveram por um bom tempo na maior mamata

Se vestindo em ouro e comendo em prata

E sobre seus imundos lombos carregaram a copa

Do sangue inocente de nossa escura e guerreira raça

Depois das pressões o começo de uma nova era

Isabel a ‘’bondosa’’ princesa logo assina a lei áurea

E em praças publicas se proclamam a esperada alforria

Que os quilombolas tantos sonhavam e assim queria

E os senhores e coronéis se viam as traças da falência

Mas logo logo os estrangeiro para cá se migraria

Os italianos e em suas tendas as ciganadas

Hoje vivemos em novas reais esperanças

Mas ainda preconceito nos atormenta

Qual seria o remédio? A tão sonhada consciência.

Autor: Joabe Tavares de Souza – Joabe o Poeta.

Joabe o poeta
Enviado por Joabe o poeta em 20/11/2013
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