Poemas de concreto

A dor se instalou no 904

Separações continuam no 704

De alegria se inundou o 1003

Monotonia, quase marasmo, no térreo

E, no melhor dos mundos,

Uma inquietação teima em não quedar-se...

Será que percebem isso?

Ruídos no meio da noite...

Falas abafadas, inaudíveis...

Espelho auditivo de cenas não vistas,

E sentidas e curiosas e suspeitas e imaginadas,

Mas jamais descobertas!

Passos no andar de cima

Silêncio no andar de baixo

Cercada de gentes

Mas só no seu espaço

Vidas que caminham juntas

E separadas

Paredes? Pisos?

Ou a própria vida que se arrasta

Entre outras vidas

Superiores e inferiores?

Um céu quadrado.

Bem pequenininho

Não tem a amplidão.

De outros céus

Azul também. Mas o espaço tira o tom luminoso

O sol não cabe no quadradinho

Ou céu ou sol?

Sempre as escolhas...

Anna del Pueblo
Enviado por Anna del Pueblo em 19/11/2013
Reeditado em 26/09/2014
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