Poemas de concreto
A dor se instalou no 904
Separações continuam no 704
De alegria se inundou o 1003
Monotonia, quase marasmo, no térreo
E, no melhor dos mundos,
Uma inquietação teima em não quedar-se...
Será que percebem isso?
Ruídos no meio da noite...
Falas abafadas, inaudíveis...
Espelho auditivo de cenas não vistas,
E sentidas e curiosas e suspeitas e imaginadas,
Mas jamais descobertas!
Passos no andar de cima
Silêncio no andar de baixo
Cercada de gentes
Mas só no seu espaço
Vidas que caminham juntas
E separadas
Paredes? Pisos?
Ou a própria vida que se arrasta
Entre outras vidas
Superiores e inferiores?
Um céu quadrado.
Bem pequenininho
Não tem a amplidão.
De outros céus
Azul também. Mas o espaço tira o tom luminoso
O sol não cabe no quadradinho
Ou céu ou sol?
Sempre as escolhas...