HOMEM MODERNO

Vejo teu semblante de homem errante,

Tua sobriedade é tão vil, quanto infame,

Sinto em mim uma vergonha extrema,

Queria eu ser agora um embrião,

Ou até mesmo pó.

Queria eu não pertencer a tua geração.

Tem no peito o verme da cobiça,

Seguida de tamanho ódio e rancor,

Oh, irmão eu sofro por ti,

Lamento teu desfecho e por ver o teu guia:

Poder, poder, poder. É tudo em teus olhos,

Não vejo mais o brilho,

E sim um ardor sombrio.

O que será de teus descendentes?

Creio que não queira herdeiros,

Teme que estes te roubem a fortuna?

É tão triste tua desconfiança,

Contudo não é de toda vaga,

Afinal, os filhos fazem aquilo que aprendem.

Seguem os valores passados por seus mestres.

Perguntas quem foi tão má influência?

Foste tu mesmo, corroído pela cobiça.

E faltoso de amor e em amar.

Tua bondade nada mais é do que uma máscara,

Posso vê-la cair por terra,

Mergulhada em um lugar propício,

Onde? Na poeira, é claro!

O que lhe vejo fazer ao dia,

Faz para que lhe vejam, lhe admirem.

E quando cai a noite, e está longe dos comentários,

Mostra-se como realmente é,

Tua sombra cobre-lhe o rosto

E nesse mar de horror

Terrivelmente descansa.

Ainda lhe tenho compaixão,

Não posso julgá-lo,

Salvação ou condenação?

Não cabe a mim fazê-lo.

Contudo lhe resta o perdão,

Que eu por também ser humana

E errante, talvez não possa lhe dar.

Tarefa divina, gloriosa e digníssima,

Não cabe a mim.

As tuas mãos se estendem em direção

Oposta ou paralela ao nada.

Teus passos firmes a caminho do fim,

Refletem o teu “eu”,

Vazio, sem direção, sem razão.

E o mais triste em ti

É que o teu “eu” é sem efeito,

Sem existência.

Taty Morais
Enviado por Taty Morais em 17/11/2013
Reeditado em 17/11/2013
Código do texto: T4574319
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