PARA ONDE CAMINHA O FUTURO?
Elas estão por todo lado!
Na cidade grande, então,
As ruas estão cheias delas!
Nas calçadas, sob as pontes,
Nos bancos das praças,
Dormindo em camas de papelão nos cantos dos passeios...
Acordadas, perambulam desoladas.
Não têm para onde ir.
Não têm o que comer.
Não têm o que vestir...
Não têm quem as ame de verdade,
Por isso perambulam desoladas.
Onde ficou o "amor" que as concebeu?
Onde anda o útero que as gerou?
Seus lares foram pulverizados pelo desamor,
Se é que os tiveram algum dia.
Suas famílias foram devastadas pela injustiça social,
Se é que tenham sabido o que é família.
É assim que a foice da pequena e poderosa elite
Vai ceifando toda e qualquer possibilidade
De oportunidade, de crescimento, de sustento,
Àqueles que povoam os campos,
As periferias, os morros, os guetos...
Só lhes restam as ruas, as calçadas,
Os bancos das praças...
E é assim que se tornam feras acuadas...
Como e por que sentir bondade?
Como entender a desigualdade gritante
Que desfila ante seus olhares famintos?
Como não se embrutecer,
Se as necessidades humanas são as mesmas,
Por termos sido criados
Na igualdade e no amor pelo mesmo Pai?
Ó, poderosos,
Ouçam o grito de socorro
Nem que seja só o das crianças,
Pois, anjos ou feras, elas são o futuro!